Imagina meu orgulho quando, aos Dez anos, meu filho já começava a criar suas próprias artes para decorar o quarto e inventava outras só para brincar. Um dia, ele chegou com um pedido inesperado:
— Mãe, tem uma bola de isopor nº 100?
No momento, eu não tinha, então respondi:
— Não, não tem, filho!
— Qual tem? — insistiu ele, com aquele brilho curioso no olhar.
— As que estão no vidro! — respondi, apontando para onde guardo materiais para artesanato.
Ele foi até lá, pegou duas bolinhas e começou a experimentá-las em vários vidros e potes que encontrava. Finalmente, achou um copinho descartável que parecia dar certo. Voltou, então, com as bolinhas e o copinho na mão, com uma expressão focada e um pedido:
— Mãe, tem EVA nas cores pele, azul, vermelho, verde e preto?
Não aguentei a curiosidade e perguntei:
— Por que todas essas cores?
Ele não me explicou nada; apenas pegou o EVA e continuou. Já preocupada, só consegui dizer:
— Cuidado, não vai estragar meu material!
Alguns minutos depois, ele voltou com o ferro de passar e o EVA cor de pele nas mãos. E aí, finalmente, pediu ajuda:
— Mãe, me ajuda a fazer uma cabeça?
Eu estava incrédula e não consegui segurar o questionamento:
— O que você vai fazer com isso?
Ele só me olhou e, com aquele ar de confiança, respondeu:
— Não confia em mim, mãe?
Senti uma mistura de admiração e surpresa. Antes que eu perguntasse mais, ele pegou o celular e me mostrou um vídeo abaixo de referência para o projeto.
Naquele momento, percebi o quanto ele estava determinado e focado no que queria fazer. Era como ver o artista que ele é desabrochar bem diante dos meus olhos.
Entendi tudo: nascia de um verdadeiro artesão. Meu filho, com apenas 10 anos, já mostrava sua habilidade e determinação. Que orgulho! Enquanto eu o ajudava com o ferro e a cola — algo que já dominava por conta das minhas meninas — passei algumas dicas sobre o uso de cola no isopor, pois sei bem como ele reage. Mas ele insistia em fazer sozinho, confiante no passo a passo do vídeo que seguia com tanto cuidado.
Mesmo com o desafio de estabilizar o copo descartável que sempre deslizava, conseguimos uma solução final: coloquei o projeto em um pote de vidro, deixando-o em destaque para mostrar a todos que visitam nossa casa. Afinal, essa obra, simples e autêntica, é um testemunho da criatividade e do empenho que meu filho, tão jovem, já carrega no coração.